Neoliberalismo galáctico
- Júlio Moredo

- 16 de ago. de 2021
- 3 min de leitura
Imaginem um time de futebol que comece em sua meta com Donnarumma, melhor goleiro e jogador da última Eurocopa, e termine com um tridente de ataque formado por Messi, Neymar e MBapé, tendo ainda como resguarda um letal Mauro Icardi. Ah, e não se esqueça de imaginar que terá também, na meia-cancha, jogadores da categoria e calibre de Wijnaldum, Verratti, Di Maria e, para completar, uma defensiva que juntará Hakimi, Marquinhos e o bestial espanhol Sergio Ramos. Tudo isso comandado por um excelente e ofensivo treinador: Maurício Pochettino.

Imaginaram? Pois é, esta equipe existe e lembra muito os antigos Galácticos do Real Madrid, à época contando com Ronaldo, Beckham, Zidane, Figo, Roberto Carlos e Raul em seus quadros. Esse conjunto encantou e se desmanchou quase com a mesma velocidade, com constantes brigas e disputas por mídia dentro do vestiário. O risco de isso também ocorrer no Parque dos Príncipes é grande, mesmo sabendo da amizade que uniu Messi e Neymar nos tempos blaugranas.
Fato é que, dando certo ou não, a soma exorbitante que o Paris Saint-Germain investiu na aquisição deste super esquadrão, pronto para vencer a Champions League, obsessão de seu dono, o bilionário príncipe catari Nasser Al-Ghanim Khelaïfi, é algo que ofende todos os padrões éticos e principalmente o tão defendido fair play financeiro, algo que costumava ser tratado com rigor pela UEFA em caso de descumprimento e pelos vistos vai ficando cada vez mais no “deixa disso”, fazendo a entidade vistas grossas à ignorância financeira levada a cabo por um xeque herdeiro não só de uma fortuna privada, como também de um país, o reino de seu pai, o próprio Catar, sede, ora vejam!, do próximo Mundial da FIFA no ano que vem. Coincidência? Não existem tais coisas num esporte tão bilionário e desigual, ainda mais com quantias tão astronômicas possivelmente suspeitas.

O que estou querendo dizer, caríssimo leitor, é que não é pecado nenhum olhar com desconfiança à origem destas verbas que trouxeram, numa janela de transferências só, tanta gente boa e cara para um conglomerado empresarial que tomou emprestado um clube de futebol, não é mesmo?
Aquilo que conhecemos como neoliberalismo começou nos finais dos anos 70 do Século passado, resultado direto do fim da Guerra do Vietnã, da crise econômica de estatais norte-americanas e pelo boicote do petróleo ao Ocidente pelos países da Liga Árabe, em guerra permanente com o Estado de Israel.
Este novo modelo de capitalismo era ainda mais voraz e sedento por mercados consumidores, para o bem e para o mal, e, como estávamos em Guerra Fria, fez com que os países se subdividissem em “Mundos” (Primeiro, Segundo e Terceiro, onde nos encontramos, e também estavam os países dos sultões e xeques). Estes chefes de Estado do Médio Oriente viram com bons olhos a exploração de seus recursos e combustíveis, abrindo a economia às empresas privadas de todo os EUA, Japão e Europa Ocidental, embriagando sua burocracia em opulência e luxo. Foi exatamente o que ocorreu no Catar, país “proprietário” do PSG.

O que estou querendo dizer, caríssimo leitor, é que não é pecado nenhum olhar com desconfiança à origem destas verbas que trouxeram, numa janela de transferências só, tanta gente boa e cara para um conglomerado empresarial que tomou emprestado um clube de futebol, não é mesmo?
Aquilo que conhecemos como neoliberalismo começou nos finais dos anos 70 do Século passado, resultado direto do fim da Guerra do Vietnã, da crise econômica de estatais norte-americanas e pelo boicote do petróleo ao Ocidente pelos países da Liga Árabe, em guerra permanente com o Estado de Israel.
Este novo modelo de capitalismo era ainda mais voraz e sedento por mercados consumidores, para o bem e para o mal, e, como estávamos em Guerra Fria, fez com que os países se subdividissem em “Mundos” (Primeiro, Segundo e Terceiro, onde nos encontramos, e também estavam os países dos sultões e xeques). Estes chefes de Estado do Médio Oriente viram com bons olhos a exploração de seus recursos e combustíveis, abrindo a economia às empresas privadas de todo os EUA, Japão e Europa Ocidental, embriagando sua burocracia em opulência e luxo. Foi exatamente o que ocorreu no Catar, país “proprietário” do PSG.




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