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O que dois campeões têm a dizer a um vice?

  • Foto do escritor: Júlio Moredo
    Júlio Moredo
  • 14 de jul. de 2021
  • 3 min de leitura

Deixe-me começar do início. No passado final de semana, conhecemos os novos campeões de Europa e América do Sul, os dois continentes hegemônicos no desporto-rei, o nosso querido futebol. E o que isso tem que ver com a Canarinha, tão carente de glórias e ídolos realmente grandes desde, talvez, Kaká?

Tudo, claro, até porque cometemos o sacrilégio de sediar uma competição em meio ao luto das mortes em massa e do caos sanitário causados pela COVID-19, espalhada de maneira assassina por um governo irresponsável em Brasília. Cometemos esta heresia maior, com as vidas de nossos irmãos, mas também coroamo-la com nova vergonha — perdemos o caneco sul-americano para uma desinspirada Argentina, nosso arquirrival, praticando um futebol previsível e dependente de Neymar.


Por fim, tudo deu errado — eles celebraram uma conquista após 28 anos de jejum e em cima de nossa inépcia, loucura e depressão que nos abatem e se intensificaram de 2018 para cá. Messi finalmente legou à sua patriótica nação um título de primeira grandeza no futebol e ainda tivemos de ver cenas lamentáveis de Neymar, nosso postulante a líder, gargalhando junto do craque argentino logo após chorar algumas lágrimas de crocodilo e, claro, planejar a próxima festa em que postaria travessuras no Instagram. O cardápio foi completo para sentir melancolia e tristeza num país que é um mar de desesperança, torcendo-se pelo Escrete ou não.

Do outro lado do Atlântico, uma surpreendente Eurocopa se decidiu num Wembley já cheio de ingleses ébrios por uma glória que não vem desde 1966. Ao fim e ao cabo, a peleja deu à Itália seu segundo caneco na competição, deixando os anglos a ver navios em mais uma malfadada disputa de pênaltis. O país da Rainha segue sem Euro e nenhum titulo desde aquela Copa vencida em casa.


Em campo a Azzurra manteve seu estilo aguerrido e tático mas o combinou com novas armas ofensivas, respondidas por nomes como Chiesa, Barella, Isigne, Jorginho e Brenardeschi, para bater um pragmático English Team, sentado no um a zero feito cedo e soçobrado à solidez de Donnarumma, Bonucci e Chiellini, uma defensiva de meter medo.


Um a um no tempo normal e prorrogação e 3x2 ítalos nos pênaltis deram um epílogo fúnebre aos anfitriões, com lamentáveis distúrbios públicos e abomináveis casos de racismo contra Rashford, Sancho e Saka, que desperdiçaram as penalidades que valeram o vice-campeonato e pagaram o pato pela loucura de Southgate, o treinador, em pô-los a frio para bater.

E isto, leitor, o que tem que ver conosco? Novamente tudo, pois vimos nesta Euro um Velho Continente cada vez mais nivelado por cima no esporte bretão. Seleções favoritas como França, Espanha, Portugal, Bélgica e Alemanha, esta mesmo em crise, sucumbiram ou penaram para camisas menores e que jogaram igual ou melhor que eles. Na final, uma Inglaterra rejuvenescida quase chegou lá e talvez tenha parado na própria covardia de seu técnico.


Todos eles virão fortes ao Catar, assim como as demais seleções supracitadas. A Itália, reconstruída desde 2017, quando ficou fora da Copa do Mundo, recuperou sua força, prestígio e técnica muito antes do previsto. É mais uma a vir com moral ao Oriente Médio no ano que vem.

Enquanto choramos pela vergonha de como, contra quem e sob quais circunstâncias perdemos uma banal Copa América ante um combalido rival que se valeu de um Tite teimoso e sem ideias, o abismo anímico e tático entre a nossa seleção e as europeias parece que vai ficando insuperável para uma participação digna na próxima Copa.


Talvez seja hora da putrefata CBF pensar numa mudança de comando para já, de preferência vinda de uma escola estrangeira e de vanguarda para pôr nossos bons nomes a jogar com a garra e variações que merecemos. Sabemos que isso é quase impossível pelo próprio som do batuque da banda que toca em Teresópolis. A sinfonia é a da subserviência a empresários, patrocinadores e políticos tão preocupados com o estado do futebol no Brasil quanto o Planalto estava com o morticínio e a compra das vacinas. Temo o pior para o Mundial de 2022 e a culpa é toda nossa. Os Hermanos do sul foram só os primeiros a agradecer o regalo

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